História de amor é um projeto para contar histórias relacionadas ao amor ~ou a decepição de amar~ de uma maneira nem tão melosa. Uma dose de comédia é sempre bom, por que nem sempre tudo é um mar de rosas. Mande sua história para ela aparecer aqui. ( Você escolhe se quer se identificar ou se quer aparecer como anônimo) Pode ser seu texto, ou fatos para que sejam transformados em uma crônica. Mande para o e-mail: biabim@icloud.com ou Facebook
Todos as quintas no blog, até quando o amor durar.
Eu e minha mania de ir no cinema sozinha me garantem aventuras sensacionais. Claro que algumas são mais marcantes, e são exatamente essas que devem ser contadas.
Só lembro que era uma terça-feira, por que é o dia que eu não trabalho. Comprei pipoca doce, água e um chocolate. Fui à sala e sentei no meu acento preferido. Sempre tento sentar nele, por isso sou umas das primeiras à entrar na sala todas as semanas que vou ao cinema. Durante o trailer, um garoto alto, com um pouquinho de barba sentou do meu lado. Me liguei um tempo depois, que ele era da minha escola. Durante o filme tentou puxar assunto e eu cortei todas as vezes. Odeio conversas durante a seção.
O filme acabou, nem me lembro qual era, e ele veio conversar comigo. Me convidou para ir ao Starbucks, e claro, não recusei, estava louca por um frapuccino. Conversamos durante quase quatro horas, e se foram uns oito frapuccinos e mais uns sucos de laranja. Coitado dele, que pagou tudo sozinho.
O garoto, cujo nome é igual ao do meu irmão, era gentil, alegre, com um sorriso encantador, cabelo arrumado e penteado para o lado, formando um sutil topete, olhos verdes e tinha a pele mais macia que a minha. Fiquei irritada. Eu gasto todo o meu salário de professora de inglês para crianças chatas, com cremes para deixar minha pele linda, e esse cara chega assim? Aah.
Tive que ir, já era quase dez da noite, e eu precisava preparar minhas aulas de amanha. Para uma adolescente de dezoito anos, que entrou na escola atrasada e sempre foi a mais velha da turma e ainda estava no terceiro médio por um descuido frívolo da sua mãe, eu era muito ocupada. Estudava de manhã, trabalhava a tarde inteira e uma bela parte da noite.
No dia seguinte, ao chegar na escola, vi Pedro na porta da escola. Me cumprimentou com um beijo inesperado, e disse que estava me esperando. Ele era do segundo médio! E já tinha repetido duas vezes. Ai ai ai. Tem minha idade e ainda está no segundo médio?
E mais um rolo com alguém começou. Eu odiava quando isso acontecia.
Uns dias se passaram e ele dizia cada vez mais estar apaixonado por mim e pela minha beleza. Eu tenho cabelos pretos, lisos e ondulados nas pontas, meio anos 80, meus olhos são castanhos, minha pele mais branca que folha sulfite. Não tenho beleza extrema.
Mais uns dias se passaram, e ele tinha faltado na aula. Quando eu estava voltando pra casa, com meu carro, ví um cara com ele. Como? Se beijando?
Parei o carro igual uma louca, estava desnorteada e procurando uma explicação rápida pra mim mesma. Apenas chamei: "Pedro? O que está acontecendo?".
Ele se assustou, talvez mais que eu e veio com a explicação de que não sabia como me contar que a sua "opção sexual" teria "mudado".
Virei as costas e fui embora. Mas antes arranquei minha aliança e coloquei no dedo do menino que ele tinha "pegado". Ainda bem o semestre estava no fim, e eu nunca mais precisaria olhar na cara do "homem" que me iludiu da maneira mais irresponsável da minha vida.
A partir daquele dia, ignorei todas as pessoas que conheci no cinema.
Texto: Bia Bim
Baseado em fatos reais com dados fictícios.